Pesquisadores do Instituto Impacto desenvolvem técnica para coleta não invasiva de pelos de onças-pintadas

Os pelos de mamíferos são uma fonte valiosa de informação biológica, com potencial de uso em estudos genéticos, toxicológicos, hormonais e ecológicos. Apesar disso, métodos de coleta não invasivos ainda são pouco explorados na prática científica. Diante desse cenário, pesquisadores do Instituto Impacto, em parceria com o Laboratório de Genética Animal da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, desenvolveram e validaram uma nova metodologia passiva para a coleta de pelos de onças-pintadas (Panthera onca), com o objetivo de avaliar sua viabilidade para diferentes tipos de análises.

O estudo foi realizado na Pousada Piuval, norte do Pantanal, uma região com abundancia de onças, onde tapetes de fibras sintéticas foram instalados em locais estratégicos para capturar os pelos de forma passiva. A escolha dos pontos de instalação levou em consideração o comportamento natural dos animais, sendo posicionados, por exemplo, em árvores onde costumam se deitar, em manilhas utilizadas como abrigo para descanso e próximo a carcaças, no formato de arranhadores. Como felinos, as onças têm o hábito de interagir com objetos no ambiente, o que favorece o contato com os dispositivos e, consequentemente, a deposição de pelos de forma espontânea.

A presença dos animais e a coleta das amostras foram monitoradas por armadilhas fotográficas, o que permitiu a identificação não apenas da espécie, mas também, em muitos casos, do indivíduo que interagiu com o dispositivo. Com isso, é possível obter material biológico individualizado, abrindo caminho tanto para estudos populacionais quanto para pesquisas focadas em indivíduos específicos.

As amostras coletadas foram submetidas a análises detalhadas: morfologia por microscopia eletrônica, testes moleculares para identificação genética e sexual, além de análises isotópicas e de metais pesados. Os resultados demonstraram que os pelos estavam bem preservados, permitindo com sucesso a identificação estrutural e molecular do material. As análises confirmaram a viabilidade do DNA para estudos genéticos e revelaram concentrações específicas de metais pesados e isótopos estáveis, informações relevantes para estudos ambientais e de saúde animal.

A técnica desenvolvida mostrou-se eficaz, de baixo custo e, sobretudo, não interfere no comportamento natural das onças, o que representa um avanço significativo nas práticas de conservação e pesquisa com grandes felinos. Além disso, por ser acessível e financeiramente viável, a metodologia amplia as oportunidades de acesso ao material genético por parte de pesquisadores e estudantes, superando um dos principais entraves da área: o alto custo e o caráter invasivo da captura de indivíduos para coleta de dados.

LINK DO ARTIGO PUBLI: https://www.mdpi.com/2076-2615/15/10/1415

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